Como estimular a inovação com a Startup Enxuta?

 por Lucas Retondo – especialista em Startups


A necessidade é a mãe da inovação. – Platão

Quem deve ler este artigo?

  • Empresários que querem transformar a sua empresa em um Startup
  • Empreendedores que querem criar uma Startup do zero
  • Executivos que querem aumentar a inovação dentro das suas organizações
  • Pessoas curiosas que querem saber o que é a Startup Enxuta

Por que você deve ler este artigo?

As empresas costumam se tornar lentas a medida que eles crescem. Lembro quanto era trabalhoso tomar uma decisão simples quando eu trabalhava em uma multinacional.

Por exemplo, para fazer uma mudança simples no processo de cadastramento de novos centros de custos, era necessário alinhar os processos com todos os clientes internos, alteramos os procedimentos e validar os novos controles com a área de compliance e auditoria interna.

Enfim, se para fazer pequenas melhorias já era necessário gastar muita energia, o que dizer sobre fazer mudanças mais significativas na estratégia. Essas demoram anos.

Não é à toa que cada vez mais empresas grandes estão sendo surpreendidas por empresas iniciantes que chamamos de Startups

Se você quer aprender a como estimular a inovação dentro da sua empresa criando uma Startup interna, leia este artigo, nele eu vou te dar dicas de como fazer isso na prática. Boa leitura!


Quais os pré-requisitos para se criar um Startup interna?

Equipes de status internas precisam de apoio da alta administração para criar as suas estruturas ágeis.

Os três atributos fundamentais para incentivar a inovação são: recursos limitados mas garantidos, autoridade para desenvolvimento independente e interesse pessoal no resultado.

Recursos limitados

Normalmente os departamentos de uma grande empresa estão sempre buscam formas de aumentar os seus orçamentos anuais.

Desta forma, quando ocorre um súbito corte de 10%, geralmente é possível fazer alguns ajustes continuar operando na velha política do mais com menos.

Já as Startups internas não tem está margem de manobra, por isso, o orçamento destinado a elas deve ser limitado, porém ele deve estar protegido de interferências.

Um pequeno corte no orçamento pode ser fatal para uma Startup.

Independência e autonomia

Startups internas precisam de autonomia absoluta para desenvolver, comercializar e experimentar novos produtos dentro de um escopo limitado.

Por isso, o seu processo de decisão e execução não deve passar pelas longas cadeias de aprovação das empresas grandes.

Portanto, para ter autonomia é fundamental que a Startup interna tenha uma equipe multifuncional dedica em tempo integral capaz de criar e lançar os primeiros produtos, e não somente fazer protótipos.

Interesse pessoal

Um dos maiores diferenciais das Startup é o envolvimento direto dos fundadores desde o desenvolvimento do cliente até a validação do modelo de negócio.

Já em uma empresa grande construir este envolvimento pessoal é um baita desafio. Para isso as empresas recorrem a incentivos financeiros como bônus, participação nos lucros e até opções de ações.

No entanto, o incentivo financeiro nem sempre é a única alternativa. Muitas vezes as pessoas se sentem donas das Startups internas quando veem que serão beneficiadas a longo prazo pela inovação gerada.


Como criar uma Startup interna?

Diferente das Startups independentes que costumam morrer por não encontrar um problema relevante ou por falta de dinheiro. As Startups internas costumam morrer pode “sabotagens” da própria organização mãe.

Existem diversas histórias de empresas que abandonaram projetos promissores por medo de prejudicar os seus negócios existentes.

É importante ter consciência que este medo tem fundamento, pois quando a receita do negócio principal começa a cair as cabeça rolando e a crise se instaura.

Por isso, quando uma Startup interna começa a tracionar e criar ameaças a organização mãe, é muito comum os departamentos impactos começarem a sabotar a iniciativa.

Mas como evitar esta sabotagem? Como evitar que os departamentos sintam medo da Startup interna?

Algumas empresas preferem esconder as suas Startup internas e só torná-las públicas depois que o novo produto está pronto.

Esta abordagem deu certo quando a IBM criou o PC. Porém, o clima de desconfiança gerando internamente e a falta de envolvimento dos funcionários da organização mãe fizeram com que a IBM não conseguisse recriar e manter a cultura de inovação.

Outra alternativa mais interessante é limitar o escopo de atuação dos experimentos feitos pela Startup interna e envolver todo a organização na análise dos resultados.

Para isso estabeleça a cultura que qualquer equipe pode fazer um teste A/B, porém estes testes devem ter um escopo limitado e os seus resultados devem ser monitorados e supervisionados por uma mesma equipe do início ao fim.

Outras regras interessantes para limitar o escopo da Startup interna é que os experimentos devem ter duração curta (algumas semanas no máximo) e não podem impactar mais do que um número especifico de clientes.

Com estas regras é possível criar um ambiente de experimentação seguro onde a equipe da
Startup interna poderá cometer erros baratos rapidamente.


Como integrar a Startup interna a organização mãe?

Toda Startup interna complete por recursos com projetos ou departamentos já estabelecidos, e um dos recursos mais excessos são as pessoas talentosas.

Por isso, é muito comum que depois de feito alguns experimentos com sucesso a Startup interna criado com escopo limitado passe a transferir o seu aprendizado para a organização mãe.

No entanto, nem sempre é possível transferir o conhecimento gerado pela Startup interna para a organização. Em alguns casos o modelo de negócio da Startup é tão diferente que tentar integrá-la a organização mãe é o mesmo que matá-la.

Nestes casos, ao invés de integrar a Startup interna a organização mãe, é mais vantajoso ampliar o escopo de Startup gradualmente.

Por exemplo, inicial a Startup se limitou a algumas dezenas de clientes. Após ter sucesso com estes clientes, o escopo de ser ampliado para algumas centenas. Ou a Startup inicial em um determina região geográfica, agora pode ampliar atuando e mais uma região e assim por diante.

Esta foi a estratégia utilizada com sucesso pelo Magazine Luiza. Quando criou a sua loja virtual, ao invés de se criar um departamento dentro da estrutura já existente, a empresa decidiu criar uma estrutura totalmente nova e focada exclusivamente nas operações digitais.


Como evitar o status quo?

Inovar é igual a andar de bicicleta, se parar de pedalar você cai. Por isso, para manter a sua empresa sempre inovando é necessário criar novas Startups internas constantemente.

É natural que os antigos inovadores se tornem guardiões do status quo. Afinal, eles trabalharam duro para criar no novo produto e agora é papel deles defende-lo.

No entanto, para continuar inovando é necessário criar novos espaços seguros para que os novos empreendedores façam novas experimentações.

Por isso, resista a tentação de rejeitar novos ideias que pareçam radicais de mais em um primeiro momento. Ao invés de rejeitá-las ou procurar um meio termo para acomodá-las, incentive as pessoas a fazer alguns experimentos em com um escopo limitado para testar as ideias.

Mesmo que a ideia demostre ao final ser um fracasso total, a sua equipe irá aprender valiosas lições sobre como experimentar e estará mais confiante em sugerir novas inovações no futuro.

Lembre-se, o resultado em si é menos importante, o que realmente importa em uma Startup interna é a rapidez com que percorremos o ciclo de feedback construir-medir-aprender.


O que você aprendeu neste artigo?

Neste artigo você aprendeu como estimular a inovação dentro da sua empresa através da criação de uma Startup interna.

Antigamente inovação era algo exclusivo de grandes empresas ou laboratórios, hoje, esta realidade mudou.

Estamos vivendo uma nova ordem mundial, com a expansão da internet as barreiras ao conhecimento e a exclusividade dos canais de distribuição estão ruindo.

Nunca foi tão fácil obter conhecimentos avançados. Como um smartphone simples é possível hoje você assistir aulas on-line da universidade de Havard que antes eram exclusivas para pessoas ricas.

Por isso, se você acredita que inovação não é para você ou para sua empresa, mude rapidamente esta crença.

Se Fernando Pessoa vivesse nos tempos de hoje, ao invés de escrever “navegar é preciso, viver não é preciso”, com certeza ele escreveria “inovar é preciso, viver não é preciso”.

Com este artigo encerramos a nossa série “A Startup Enxuta na prática”. Ao longo dos 19 posts e vídeos da nossa jornada, explorei os pontos que julguei mais relevantes do livro “A Startup Enxuta” de Eric Ries.

Reforço que estes artigos não substituem a leitura do livro. O meu objetivo não é plagiar, e sim complementar o conteúdo do livro com novos exemplos e visões. Até a próxima série.

Dica:

Para aprender tudo sobre como a metodologia da Startup Enxuta consulte a página Startup Enxuta. Nela eu reuni e organizei todos os conteúdos blog relacionados ao tema.


Quem é Lucas Retondo?

Sou empresário, mentor e consultor especialista em Startups. Atualmente sou sócio fundador da Startup Creator apaixonado por tecnologia e modelos de negócio inovadores.

Em 2017 larguei um emprego estável como gerente executivo em um multinacional para criar a minha primeira Startup, o PraConstruir. Desde então venho atuando na área de tecnologia e apoiando empresários de TI a criarem organizações e soluções exponenciais.

No passado atuei como consultor e executivo em diversos setores e empresas, como: Ford, Mahle, Renault, MWM, Chevrolet, Magneti Marelli, Pirelli, TIM, Tokio Marine Seguradora, Bradesco Seguros, Cosan, Mobil, Rumo Logística e Raízen.

Também possuo 5 certificações internacionais em coaching, além dos títulos de MBA pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE). Para saber mais sobre o meu histórico profissional consulte o meu LinkedIn e me acompanhe no Facebook, Instagram ou YouTube.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *