Como acelerar o desenvolvimento com a Startup Enxuta?

 por Lucas Retondo – especialista em Startups


Pense globalmente e atue localmente. – John Lennon

Quem deve ler este artigo?

  • Empresários que querem transformar a sua empresa em um Startup
  • Empreendedores que querem criar uma Startup do zero
  • Executivos que querem aumentar a inovação dentro das suas organizações
  • Pessoas curiosas que querem saber o que é a Startup Enxuta

Por que você deve ler este artigo?

Imagine que você ficou encarregado de enviar os cartões de natal da sua empresa. Para executar esta tarefa será necessário escrever uma mensagem a mão no cartão, depois colocá-lo em um envelope, em seguida lacrar o envelope e colar o selo.

No total serão 500 cartões do natal, como você se organizaria para executar esta tarefa?

O pensamento intuitivo diz que é mais fácil primeiro escrever a mensagem nos 500 cartões, depois colocar todos eles nos envelopes, depois lacrar os 500 envelopes para finalmente colocar o selo, certo?

Mas se na hora de colocar os cartões no envelope você perceber que o cartão não irá caber? E se no cartão 345 você perceber que escreveu uma palavra errada?

Isso mesmo, executar tarefas em lotes grandes pode parecer ser mais produtivo, porém, diversos estudos demonstram que o aumento do desempenho individual não significa necessariamente um aumento do desempenho geral do sistema.

Sim, é contra intuitivo, mas a melhor estratégia para criar os 500 cartões de natal é executar todos os passos de forma contínua, da escrita da mensagem até a fixação do selo.

Este processo de fabricação em lotes pequenos recebe o nome de fluxo da peça única na metodologia da manufatura enxuta e é sobre ela que falarei neste artigo. Boa leitura!


Desvantagens dos lotes grandes?

O exemplo acima não representa um processo complexo, porém, mesmo neste cenário simples, a estratégia de adotar lotes grandes é prejudicial a produtividade.

Quando adotamos lotes grandes acreditamos que a produtividade individual de cada atividade será superior. Porém, não consideramos o tempo para separar, organizar e movimentar as pilhas de cartões.

Estas tarefas adicionais tornam os processos mais complexos e onerosos, fazendo com que o desempenho individual não reflita em um melhor do desempenho geral do sistema.

E mais, lotes grandes não permitem que os erros e defeitos sejam identificados rapidamente, gerando mais retrabalho e desperdícios.

É comum que empresas de manufatura que adotam a produção com grandes lotes sofram perdas com estoques de peças que se tornam obsoletas depois que o produto sofre alguma alteração.

Já em empresas de tecnologia, o problema de se trabalhar com lotes grandes pode ser ainda pior. Quanto maior a entrega, maior é a quantidade de bugs.

Isso faz com os projetos se atrasem e gerem uma espiral negativa, quanto mais tempo investido, maior é o medo da reação dos clientes, isso faz com que mais funcionalidade sejam incorporadas, afinal, já demorou tanto, por que não colocar mais isso.

Esta espiral negativa do lote grande faz com que o lote cresça ainda mais, aumentando a quantidade de bugs e assim por diante.

O resultado final é mais retrabalho e menor aprendizado.


Vantagens dos lotes pequenos?

O método de lote pequeno gera um produto concluído no menor tempo possível, ou seja, trabalho passa do estágio atual para o seguinte rapidamente, aumentando o aprendizado e reduzindo o retrabalho.

Pense comigo, o que é mais eficiente para validar uma hipótese, desenvolver um produto completo com muitas funcionalidades ou lançar um MVP simples e descobrir rapidamente se os clientes gostam ou não do produto?

Trabalhar com lotes pequenos permite as Startups corrigirem a rota a cada nova interação com os clientes, além de facilitar que problemas de qualidade sejam identificados mais rapidamente.

Este aprendizado rápido minimiza o desperdício de tempo, dinheiro e esforço, concorda?

Portanto, reduzir o tamanho dos lotes permite a Startup percorrer mais rapidamente o ciclo de feedback construir-medir-aprender do que seus concorrentes.

E lembre-se, a capacidade de aprender mais rápido é a vantagem competitiva essencial das Startups.


Como usar os lotes pequenos?

O primeiro passo para adotar os lotes pequenos é mudar a nossa mentalidade, para isso eu gosto sempre de usar alguns mantras com os meus clientes de mentoria, como:

  • O ótimo é inimigo do bom
  • Feito é melhor que perfeito
  • Pense grande e execute pequeno

O segundo passo é projetar, desenvolver e distribuir novos atributos um de cada vez. Desta forma os desenvolvedores, designers e vendedores passarão a trabalhar lado a lado como se fosse um único departamento.

A adoção de lotes pequenos permite aos empreendedores avaliar o efeito das mudanças sobre o comportamento dos clientes reais rapidamente. Como base neste feedback é possível decidir o que fazer em seguida de forma mais assertiva.

E mais, ao trabalhar em uma nova funcionalidade de cada vez é possível verificar os problemas imediatamente, impedindo que se tornem problemas maiores mais tarde.


Como as melhores Startups trabalham?

Startups em fase de tração costumam trabalhar em dezenas de novas interações diariamente, por isso, é cada vez mais comum essas empresas adotarem o conceito de implantação contínua.

Para isso são criados mecanismos de defesa através testes automatizados para permitir que sejam feitas várias atualizações no sistema em um único dia.

Desta forma, assim que um desenvolvedor finaliza uma nova funcionalidade, ele submete o seu código aos testes automatizados. Uma vez aprovado o código, a nova funcionalidade é disponibilizada ao cliente final rapidamente.

Mas atenção, além dos testes automáticos é recomendado usar métricas de negócio como a taxa de conversão em vendas. Muitas vezes os testes automatizados não são capazes de pegar erros que trazem consequências comerciais negativas.

E mais ainda, uma vez identificado um erro, o processo de implantação contínua deve ser interrompido e a causa raiz do problema do problema identificada. No artigo Como criar uma cultura adaptativa eu explico como fazer isso.


O que você aprendeu neste artigo?

Neste artigo você aprendeu como acelerar o desenvolvimento da sua Startup adotando o método de fluxo de peça única.

Ao reduzir o tamanho dos lotes, a entrega se torna mais segura, as frentes de trabalho são reduzidas e o aprendizado é maximizado.

Na metodologia lean esta estratégia recebe o nome de produção puxada e o objetivo é produzir a quantidade certa para demanda real dos clientes, nem mais e nem menos

Agora que você já sabe como acelerar o desenvolvimento, o próximo passo é aprender a acelerar o crescimento da sua Startup. Por isso, no próximo artigo da série vou explicar Como crescer a sua empresa com a Startup Enxuta. Até lá.

Dica:

Para aprender tudo sobre como a metodologia da Startup Enxuta consulte a página Startup Enxuta. Nela eu reuni e organizei todos os conteúdos blog relacionados ao tema.


Quem é Lucas Retondo?

Sou empresário, mentor e consultor especialista em Startups. Atualmente sou sócio fundador da Startup Creator apaixonado por tecnologia e modelos de negócio inovadores.

Em 2017 larguei um emprego estável como gerente executivo em um multinacional para criar a minha primeira Startup, o PraConstruir. Desde então venho atuando na área de tecnologia e apoiando empresários de TI a criarem organizações e soluções exponenciais.

No passado atuei como consultor e executivo em diversos setores e empresas, como: Ford, Mahle, Renault, MWM, Chevrolet, Magneti Marelli, Pirelli, TIM, Tokio Marine Seguradora, Bradesco Seguros, Cosan, Mobil, Rumo Logística e Raízen.

Também possuo 5 certificações internacionais em coaching, além dos títulos de MBA pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE). Para saber mais sobre o meu histórico profissional consulte o meu LinkedIn e me acompanhe no Facebook, Instagram ou YouTube.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *