por Lucas Retondo – especialista em Startups
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O que é liderança democrática?
A liderança democrática, também conhecida como liderança participativa ou compartilhada, é um estilo de liderança no qual os membros do grupo assumem um papel mais participativo no processo de tomada de decisão.
A base moderna para a teoria da liderança participativa iniciou nos estudos liderados pelo psicólogo Kurt Lewin nas décadas de 1930 e 1940. Nestes estudos, os pesquisadores analisaram três estilos de liderança distintos de tomada de decisão, entre eles o líder democrático.
Embora a pesquisa de Lewin sobre liderança tenha sido muito influente, ele e seus colegas não definiram a liderança democrática com absoluta clareza.
Após Lewin, muitos outros pesquisadores se dedicaram a analisar o perfil democrático, entre eles Daniel Goleman, que apresentou sua ideia de liderança participativa como parte de seus seis estilos de liderança.
Para Goleman, a liderança democrática é construída em torno da ideia de consenso e colaboração. Para ele, este tipo de liderança é capaz de criar um ambiente em que os funcionários se sentem mais valorizados e comprometidos com o alcance dos objetivos organizacionais.
Além dessas duas famosas teorias sobre liderança colaborativa, existem vários outros estudos e definições de pesquisadores famosos e renomados.
Apesar de existirem algumas ambiguidades nas definições, a maioria das teorias sobre liderança democrática concordam com o conjunto de características, vantagens e desvantagem que vamos explorar neste artigo.
Por isso, se você quer aprender mais sobre um dos estilos de liderança considerado por muitos como o mais eficiente, é só ler este artigo. Boa leitura!
Dica:
Para saber mais sobre o estudo de Kurt Lewin leia o artigo estilos de liderança.
Quais as características da liderança democrática?
Criar a estrutura da liderança democrática não é uma tarefa fácil, o líder precisa saber distribuir o poder de decisão e ao mesmo tempo garantir que as pessoas tomem as melhores decisões.
Vamos explorar mais cada uma das características da liderança democrática?
Distribuição do poder
A primeira característica importante deste modelo de liderança é a distribuição do poder. A liderança democrática requer uma estrutura de poder compartilhada.
Porém, a iniciativa de compartilhar as responsabilidades não significa que cada decisão deve sempre ser feita dentro do grupo.
Dependendo das funções e responsabilidades específicas, certas decisões podem estar apenas nas mãos do líder ou de alguns subordinados.
Portanto, as organizações democráticas devem definir cuidadosamente os papéis e distribuir o poder de tomada de decisões de acordo com esses papéis.
Empoderamento de subordinados
Outra característica marcante deste sistema é a distribuição proativa das responsabilidades aos subordinados.
A liderança democrática não espera que as pessoas queiram participar na tomada de decisões, ela solicita ativamente que as pessoas contribuam e participem.
E mais, como este modelo de liderança exige que as pessoas façam parte do processo de tomada de decisão, o líder democrático deve ajudar os subordinados a desenvolverem as suas habilidades relacionadas a tomada de decisão.
Clareza sobre o processo de decisão
Como vimos até aqui, o modelo da liderança democrática gira em torno da criação de estruturas que apoiem
Para isso, é necessário que a resolução de problemas seja feita por meio de análise e deliberação em grupo.
Desta forma, as soluções tendem a refletir o esforço e a compreensão do grupo sobre a situação, ou seja, o interesse coletivo deve estar no centro da solução.
Neste contexto, o papel do líder não é orientar sobre a melhor decisão em si, mas garantir que existam estruturas para o processo decisório ocorrer de forma correta.
Logo, a função do líder democrático é garantir que o processo siga as diretrizes predefinidas para a tomada efetiva de decisões.
Para que isso ocorra, o líder deve criar junto com a equipe um cronograma e um processo para tomar decisões eficientes nos prazos.
Ambiente com relacionamentos saudáveis
Outro papel importante do líder democrático é criar um ambiente com relacionamento saudável e positivo entre os membros do grupo.
Por isso, o líder deve agir como um mediador para garantir que quaisquer problemas entre os subordinados sejam resolvidos rapidamente.
Quais as vantagens da liderança democrática?
As principais vantagens do estilo de liderança democrático são fruto do aumento do envolvimento dos subordinados nos processos deliberativos.
Vamos explorar mais cada uma das vantagens?
Aumento da satisfação dos liderados
Fazer parte de um grupo e ter voz igualitária na decisão das tarefas e projetos proporciona uma sensação de empoderamento aos funcionários.
E quando o colaborador se sente incluído e capaz de falar o que pensa, a taxa de satisfação no trabalho tende a melhorar junto com o resultado.
Por isso, no ambiente democrático os subordinados não se sentem como máquinas que fazem somente o que lhes é dito, eles se sentem parte de organização.
Aumento do comprometimento dos liderados
Lewin e seus colegas descobriram nos seus experimentos que a inclusão do liderado na tomada de decisões aumenta o seu comprometimento com a execução e sucesso.
Quando você sente que sua contribuição é importante, você fica disposto a colocar o seu corpo e alma para alcançar os resultados.
Em outras palavras, ao participar do processo de decisão, os subordinados se veem como responsáveis pelos projetos e atividades.
Esse sentimento de pertencimento faz com que os projetos sejam concluídos com mais qualidade. Porém, geralmente, os prazos são mais apertados.
Decisões mais assertivas e robustas
Como o processo de tomada de decisão baseia-se no compartilhamento de ideias e na colaboração em equipe para chegar a um consenso, as decisões democráticas tendem a ser mais bem pensadas.
Com isso, as decisões geralmente são mais robustas, dado que antes das decisões costuma-se ter tempo para discussões e debates com vários pontos de vista.
E mais, durante os debates, os colaboradores geralmente apontam os problemas e obstáculos que o projeto terá que superar.
Com estas informações é possível economizar recursos da empresa antecipando as soluções destes problemas ainda na fase do planejamento.
Aumento do conhecimento compartilhado
Reunir diferentes opiniões sobre um tema não traz apenas mais ideias, traz também o aumento de conhecimento do grupo.
As pessoas são especialistas em coisas diferentes. Por isso, quando elas compartilham os seus conhecimentos no grupo contribuem para o aprendizado das outras pessoas menos especializadas naquele assunto.
Portanto, decisões tomadas dentro de um grupo normalmente ajudam a aumentar o conhecimento do grupo com um todo.
Aumento da inovação e criatividade
A inovação e criatividade florescem em ambientes onde as pessoas são livres para compartilhar ideias, oferecer feedback e desafiar a forma como as coisas são feitas.
No ambiente democrático, os membros da equipe estão constantemente se perguntando como melhorar os relacionamentos, tarefas e processos.
Em uma empresa, esse tipo de ambiente pode trazer benefícios como o aumento da produtividade, aprimoramento dos processos e desenvolvimento de novos produtos e soluções.
Visão de futuro compartilhada
O processo participativo nas tomadas de decisões faz as pessoas se comprometerem em trabalhar juntas para atingir os mesmos objetivos, ou seja, as pessoas criam uma visão de futuro compartilhada.
E mais, mesmo quando as pessoas não concordam com a decisão do grupo, só pelo fato de terem participado do processo deliberativo, faz com que elas aceitem mais facilmente as decisões contrárias à sua opinião.
Aumento da confiança e identificação
Como subordinados e líderes têm acesso às mesmas informações e seu poder de decisão é igual, não há ressentimento ou desconfiança dentro do grupo.
Os liderados não precisam questionar os motivos do líder ou ter medo das decisões tomadas. Por ser um participante ativo no processo decisório, o subordinado tem a certeza que os seus pontos de vista serão ouvidos e considerados.
Isso faz com que o ambiente de trabalho se torne mais confiável para as pessoas colocarem as suas opiniões. E quanto mais confiança houver no local de trabalho, mais motivados e leais são os seus liderados.
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Quais as desvantagens da liderança democrática?
Embora a liderança democrática tenha sido descrita como o estilo mais eficaz por Lewin. Ela tem algumas desvantagens em situações onde as decisões precisam ser rápidas ou a gestão do tempo é essencial.
Vamos conhecer melhor essas desvantagens?
Perda na velocidade das decisões
Como a liderança participativa requer a contribuição de todos, o tempo para a tomada de decisões aumenta, dado que para tomar decisões é necessário organizar reuniões e ter discussões sobre o assunto.
Desta forma, a primeira grande desvantagem vem da perda de velocidade na tomada de decisões relativamente simples.
Em algumas empresas, decisões rápidas são necessárias, já que longos períodos de indecisão podem levar à perdas nas operações.
Por exemplo, se há um problema na linha de produção, o líder não pode gastar um mês decidindo se é melhor comprar uma máquina nova ou consertar a atual. Ele precisa assumir uma postura mais autoritária e orientar os seus subordinados de forma clara e objetiva.
Nem sempre a melhor ideia vence
A liderança democrática depende do consenso, por isso, decisões impopulares importantes tendem a não serem aceitas.
Desta forma, a decisão da maioria nem sempre é a melhor decisão para a organização.
E mais, embora as organizações participativas se beneficiem na hora de atrair mais talentos com novas ideias e habilidades. Este aumento da diversidade de opiniões não garante que a melhor ideia irá vencer, dado que a decisão final precisa que a maioria das pessoas concordem.
Decisões com pouco embasamento
Embora a tomada de decisão democrática tenda a reunir um grande número de pessoas experientes com diferentes conjuntos de habilidades.
Nem todo mundo tem o mesmo nível de conhecimento de uma determinada situação e as opiniões dos participantes nem sempre são racionais.
Portanto, as decisões e opiniões individuais podem ser influenciadas por desinformação, falta de conhecimento no assunto específico ou interesses pessoais.
Além disso, certas situações podem envolver informações confidenciais das quais somente o líder tem conhecimento e não pode compartilhar com o grupo.
Desconforto em parte dos subordinados
Curiosamente, assim como alguns tipos de pessoas não funcionam bem sob uma liderança autoritária. Outras pessoas não têm um bom desempenho em uma estrutura democrática.
Existem personalidades que não gostam de tomar decisões. Certas pessoas podem até achar o requisito de participar do processo pesado e estressante.
Por exemplo, alguns funcionários podem sentir que estão fazendo mais do que é o seu papel. Não é incomum que funcionários insatisfeitos processem a empresa por achar que não estão sendo devidamente remunerados por tomar decisões.
Como se tornar um líder democrático?
Estabelecer um modelo de liderança democrática em uma organização não é uma tarefa fácil.
Porém, com o desenvolvimento das competências abaixo é possível fazer com que esse estilo de liderança funcione.
Tenha uma comunicação aberta e honesta
O líder democrático deve ter uma comunicação aberta e honesta, ou seja, ele aceita e faz críticas justas sem causar um problema.
Para que esse tipo de comunicação funcione, o líder deve estabelecer confiança com os subordinados e demonstrar coerência e justiça em suas decisões.
Por isso, não pode haver situações em que ideias de certas pessoas sejam tratadas de maneira favorável, enquanto as ideias de outras pessoas não são totalmente apreciadas.
Uma das formas de ter uma comunicação aberta é abordar as ideias e sugestões com uma mente aberta e sem avaliações e julgamentos.
Se as pessoas não se sentem criticadas ou ridicularizadas pelas ideias que apresentam, é mais provável que continuem sendo criativas.
Além disso, o líder precisa garantir que todos no grupo possam visualizar as diferentes ideias sem descartá-las imediatamente.
O líder deve ainda se preocupar em criar um canal de comunicação aberto e honesto entre os subordinados e não apenas entre ele e os subordinados.
Crie um ambiente confiável e seguro
A confiança e o compromisso são construídos rapidamente quando há respeito por diferentes ideias, mesmo quando a ideia em particular não se encaixa na necessidade atual.
Como líder, você não deve afastar uma ideia apenas porque ela não é relevante no momento.
Por isso, não critique ou filtre as ideias imediatamente, deixe o grupo fazer as suas sugestões livremente e depois priorize junto com o grupo as ideias mais importantes.
Pense nisso, você não quer gastar tempo falando sobre problemas que não são relevantes, mas também não quer desencorajar o time a contribuir com mais ideias.
Tenha clareza e foco
A estrutura de liderança democrática funciona melhor quando os papéis e responsabilidades são delineados com clareza.
Um dos principais benefícios em ter os processos clarificados é garantir que as pessoas permaneçam no assunto e focadas no objetivo.
O líder deve garantir que as reuniões permaneçam dentro da pauta e a discussão flua em direção a uma solução para o problema em questão.
Em outras palavras, a estrutura participativa precisa de alguém para manter o processo fluindo na direção certa em um ambiente onde o poder de decisão é compartilhado.
Aumente a sua inteligência emocional
Embora todos os estilos de liderança exijam que o líder tenha inteligente emocional, na liderança democrática está característica é considerada fundamental.
Não é fácil manter as pessoas trabalhando juntas em um ambiente onde todos são autorizados a expressar as suas opiniões e visões.
Portanto, o líder precisa ter a capacidade controlar as suas emoções e de se comunicar com diferentes personalidades para fazer com que as pessoas trabalhem juntas de forma harmônica.
Coloque um fim nas discussões
Quando uma decisão é tomada através de votação, é comum que parte da equipe não concorde e tente manter a discussão viva.
Embora seja normal a tomada de decisão demorar mais tempo no sistema democrático, uma vez tomada a decisão, a discussão em torno dela deve terminar.
É natural que a organização futuramente queria rever algumas das decisões tomadas, mas manter uma discussão recorrente pode destruir a harmonia do grupo.
Por isso, o líder não pode permitir que a equipe mantenha as decisões abertas em todos os momentos. Após tomar a decisão, o líder deve garantir que todos aceitem a decisão e trabalhem na mesma direção.
Explique as suas decisões
Como já comentei anteriormente, nem todas as decisões são necessariamente feitas dentro do grupo na liderança democrática.
Quando as decisões são tomadas dentro do grupo, o papel do líder é fazer com que todos participem da discussão.
Porém, quando a decisão é individual, é dever do líder garantir que os subordinados entendam o raciocínio por trás da decisão de forma aberta e transparente.
Conclusão sobre a liderança democrática
A liderança democrática é talvez o estilo mais amado. A ideia de responsabilidade compartilhada e maior envolvimento da equipe se tornou popular entre os CEOs e funcionários.
Por outro lado, é um sistema que pode ser difícil de criar e manter devido ao processo lento de decisões. E mais, a abordagem consensual é inviável em caso de emergências.
No mundo dos negócios, a liderança muitas vezes precisa tomar decisões difíceis e desfavoráveis
Porém, ambientes abertos e inovadores estimulam a criatividade que impulsiona o desempenho das empresas vencedoras.
Quando o líder é capaz de usar sua criatividade, honestidade e inteligência para capacitar e desafiar os seus liderados, o grupo costuma alcançar resultados excelentes rapidamente.
Portanto, concluímos que a liderança democrática é muito eficaz e benéfica para as organizações em termos de comprometimento e resultados, porém usar este estilo em demasia pode gerar problemas e burocracias indesejadas.
E parabéns, se você chegou até aqui, você está no caminho certo. Uma das competências mais importantes de um líder é aprender continuamente.
Não esqueça de deixar as suas dúvidas e sugestões nos comentários. Eu quero muito saber o que você achou deste artigo.
Muito obrigado e até a próxima.
Dica:
Para aprender tudo sobre como liderar consulte a página liderança. Nela nos reunimos todos os conteúdos blog relacionados ao tema.
Quem é Lucas Retondo?
Sou empresário, mentor e consultor especialista em Startups. Atualmente sou sócio fundador da Startup Creator apaixonado por tecnologia e modelos de negócio inovadores.
Em 2017 larguei um emprego estável como gerente executivo em um multinacional para criar a minha primeira Startup, o PraConstruir. Desde então venho atuando na área de tecnologia e apoiando empresários de TI a criarem organizações e soluções exponenciais.
No passado atuei como consultor e executivo em diversos setores e empresas, como: Ford, Mahle, Renault, MWM, Chevrolet, Magneti Marelli, Pirelli, TIM, Tokio Marine Seguradora, Bradesco Seguros, Cosan, Mobil, Rumo Logística e Raízen.
Também possuo 5 certificações internacionais em coaching, além dos títulos de MBA pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE). Para saber mais sobre o meu histórico profissional consulte o meu LinkedIn e me acompanhe no Facebook, Instagram ou YouTube.
