por Lucas Retondo – especialista em Startups
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O que é liderança liberal?
A liderança liberal ou delegativa, mais conhecida mundialmente como liderança Laissez-faire, é um estilo de liderança conhecido também como hands-off.
Neste modelo os líderes permitem que os membros do grupo tomem todas as decisões e escolham os métodos de trabalho livremente.
O primeiro estudo a caracterizar a liderança Laissez-faire foi coordenado pelo psicólogo Kurt Lewin. Ele foi um pioneiro no campo da psicologia social e seus experimentos na década de 1930 ainda são usados
O estilo de liderança liberal é o oposto ao modelo de liderança autocrática. Enquanto o líder autoritário é responsável por quase tudo, o líder delegativo tem pouco envolvimento na tomada de decisões e diretrizes. Ele atua como apoio e suporte para a equipe.
Assim como outros estilos de liderança, o estilo liberal tem as suas vantagens e desvantagens conforme a situação, tipo de tarefa e características da equipe.
Se você quer aprender mais sobre ele e as situações onde ele se destaca, é só ler este artigo até o final. Boa leitura!
Dica:
Para saber mais sobre o estudo de Kurt Lewin leia o artigo estilos de liderança.
Quais as características da liderança liberal?
A estrutura da liderança liberal é baseada em 4 características principais: abordagem de não intervenção do líder, subordinados encarregados pela tomada de decisões, responsabilidade final do líder e subordinados capacitados e autônomos.
Vamos examinar mais cada uma dessas características da liderança liberal?
Abordagem de não intervenção (hands-off)
A essência da liderança liberal está no líder dar um passo atrás para permitir que os seus subordinados liderem e se desenvolvam.
Na estrutura liberal, os líderes não tentam influenciar a tomada de decisão ou guiar o grupo nas tarefas e projetos.
A estratégia do estilo é garantir que o próprio grupo se encarregue de planejar e executar as ações necessárias para alcançar os objetivos de longo prazo determinados pelo líder.
Desta forma, o papel do líder é criar a estrutura necessária para os subordinados tomarem as melhores decisões e alcançarem os objetivos, ou seja, o líder tem um papel de apoio.
E mais, como o líder não interfere no processo de decisão, ele deve garantir que os subordinados estejam bem preparados para tomar as decisões e levar a organização adiante.
Quando a equipe encontra problemas, o líder pode ajudar a resolvê-los, mas o objetivo da abordagem de não-intervenção é incentivar os subordinados a tomarem a iniciativa e vencerem as dificuldades por conta própria.
É importante notar que a abordagem hands-off não deve ser confundida com indiferença. Um bom líder delegativo não fica em segundo plano por não se importar. Ele fica em segundo plano para capacitar os subordinados e trazer o melhor de seus talentos para a organização.
Tomada de decisão nas mãos dos subordinados
Na liderança liberal, o poder de decisão é colocado totalmente nas mãos dos subordinados. Embora o líder e a organização como um todo definam a visão e objetivos de longo prazo, os liderados são responsáveis pela maioria das decisões.
Diferente da liderança democrática, o líder delegativo não participa da tomada de decisões. O processo de deliberação e decisão estão apenas nas mãos dos subordinados, que podem optar por envolver os outros ou podem tomar as decisões sem consultar os seus pares.
Neste modelo, o foco do líder é apoiar os subordinados para que eles sejam capazes de tomar decisões de maneira rápida e eficaz. Para isso o líder deve fornecer feedback aos subordinados para melhorar a tomada de decisões futuras e desenvolver este conjunto de habilidades.
Geralmente o líder atua como um mentor, permitindo que os subordinados cometam erros e criando condições para que cada decisão seja um processo de aprendizado.
Responsabilidade é sempre do líder
Nesse quesito, a liderança liberal não difere muito dos outros estilos de liderança, pois mesmo com o líder não participando diretamente do processo de tomada de decisão, a responsabilidade continua sobre os seus ombros.
No sistema liberal o líder é responsável por reunir a equipe, ou seja, é papel do líder montar a equipe com especialistas altamente qualificados para atingir os objetivos.
Portanto, se as coisas não funcionam bem, cai sobre o líder a responsabilidade de não ter colocado as pessoas certas nos lugares certos.
No entanto, isso não significa que os subordinados estão completamente livres de responsabilidade. Um líder liberal eficiente estabelece um conjunto claro de recompensas e punições para garantir que os subordinados mantenham o foco em alcançar os melhores resultados sem correr grandes riscos.
Esta característica proporciona um ambiente descontraído para os subordinados perseguirem os objetivos e tomarem as decisões necessárias.
Subordinados capacitados e autônomos
Como a participação do líder é bastante limitada na liderança liberal, o conhecimento, a capacidade de resolver problemas e a autonomia dos subordinados tendem a serem mais elevadas do que nos outros tipos de liderança.
No sistema liberal, os subordinados precisam ser bons em auto monitoramento. Como o líder dá liberdade para planejar e realizar as tarefas, os subordinados devem ter a capacidade de trabalhar sem qualquer orientação. Isso pode ser difícil para novos funcionários.
Outra característica importante dos subordinados do líder liberal é a capacidade de resolver problemas. Como o líder não se envolve diretamente na superação dos obstáculos, os subordinados devem ser criativos e capazes de pensar fora da caixa.
E mais, um subordinado sob o sistema delegativo deve ser qualificado e experiente. A responsabilidade de resolver os problemas e criar os processos para atingir as metas exige que os funcionários tenham uma compreensão da organização, do setor e dos diferentes requisitos das tarefas.
Neste modelo, o líder deve garantir que os subordinados tenham os recursos e oportunidades para desenvolver as suas habilidades. No entanto, o subordinado tem que ter vontade de aprender sempre mais e se responsabilizar pela sua carreira e atividades.
Dica:
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Quais as vantagens da liderança liberal?
A liderança liberal tem uma série de vantagens e a maioria delas estão relacionadas principalmente com o ambiente criado pelo líder.
Ao permitir que os subordinados assumam o controle de suas próprias decisões, o líder delegativo cria um ambiente mais criativo e motivador, onde os funcionários podem florescer e melhorar suas habilidades.
Vamos conhecer mais a fundo cada uma destas vantagens?
Maior autonomia e independência
Estudos já demostraram que as pessoas têm diferentes maneiras de aprender e executar as suas tarefas.
Por exemplo, algumas pessoas preferem fazer uma pesquisa antes de começar a escrever um relatório. Enquanto outras, acham mais fácil começar a escrever e aprender à medida que as dificuldades vão surgindo.
Como no sistema liberal o poder de decisões e definição dos processos estão nas mãos dos subordinados, eles têm autonomia para escolher os métodos mais adequados ao seu perfil, garantindo assim resultados melhores e mais eficientes.
Em um sistema rígido, onde o líder define claramente as regras e métodos, os funcionários não tem a opção de escolher a melhor abordagem individual, gerando assim resultados inferiores ao estilo liberal.
Aumento da motivação nos subordinados
A possibilidade de adotar livremente o método de trabalho pode contribuir positivamente para aumentar a motivação e responsabilidade dos subordinados.
A liberdade de escolher o método de trabalho combinada com uma estrutura sólida de recompensas, dá aos subordinados uma motivação extra para atingir os objetivos.
Esta estrutura de trabalho é muito interessante para motivar equipes onde os membros são altamente qualificados e capazes de trabalhar por conta própria.
Aumento da especialização
Como no modelo de liderança liberal os subordinados têm autonomia para escolher as tarefas, eles acabam aumentando a sua especialização, pois tendem a concentrar as suas escolhas nas áreas onde são mais talentosos.
Em vez fazer o que lhe é imposto, o subordinado do sistema liberal pode executar as tarefas que ele é mais qualificado para fazer.
Isso cria um ambiente de alta especialização, pois os subordinados acabam executando as tarefas que melhor se encaixam em suas habilidades.
Desta forma, a organização pode criar um ambiente mais eficiente e de alta especialização, permitindo que as pessoas mais qualificadas cresçam. Este ambiente pode impulsionar a inovação da empresa e melhorar o resultado final.
Quais as desvantagens da liderança liberal?
Apesar das vantagens acima serem bastante convidativas, há desvantagens notáveis
De fato, na pesquisa conduzida por Lewin, o grupo sob a liderança liberal foi o menos produtivo dos três estilos. As pessoas testadas neste grupo achavam difícil trabalhar sem orientação.
A falta de estrutura da liderança liberal pode dificultar a capacidade da equipe de atingir metas, criar confusões de papeis e responsabilidades e até tirar a autoridade do líder.
Vamos aprender mais sobre cada uma destas desvantagens?
Desconforto em parte dos subordinados
Embora certos tipos de pessoas possam crescer sob a falta de supervisão, algumas pessoas podem achar muito difícil trabalhar sem orientação.
A liberdade de criar suas próprias estruturas pode ser prejudicial para subordinados pouco qualificados, inexperientes ou inseguros.
E mais, a falta de orientação pode fazer com que as pessoas se concentrem nas coisas erradas ou não atinjam os objetivos no prazo esperado.
Falta de responsabilidade
A falta de estrutura pode levar a uma perda de responsabilidade e iniciativa quando as consequências do fracasso são muito pesadas.
Os subordinados podem passar a evitar assumir novas responsabilidades quando não recebem o apoio adequado e sofrem punições severas em caso de falha.
Em ambientes pesados, ao invés de tentar uma nova abordagem criativa, o subordinado tende a passar tarefas para os outros ou apenas fazer o mínimo utilizando um método tradicional e testado de trabalho.
Decisões inadequadas
Quando as estruturas de prestação de contas não são bem definidas, as pessoas podem assumir riscos que levam a resultados ruins por não serem responsáveis
Embora o líder liberal deva dar suporte para o grupo, o papel dele não é proativo, mas sim reativo. Assim, a orientação pode vir somente depois que os problemas surgirem e se agravarem.
Autoridade do líder enfraquecida
Como a estratégia do líder é permanecer em segundo plano, os subordinados podem sentir que não são adequadamente apoiados ou que precisam desempenhar o papel de líder.
E mais, como o líder tende a ganhar mais dinheiro do que os subordinados, a sua falta de envolvimento pode ser bastante difícil de administrar junto aos subordinados.
Por estes fatores, a posição do líder dentro da equipe pode criar ressentimento dentro do grupo. E o ressentimento por sua vez pode reduzir a motivação ou o interesse dos subordinados em servir a empresa.
Confusões de papeis e responsabilidades
Como cada funcionário é livre para definir suas próprias responsabilidades, pode haver problemas na criação de uma estrutura geral coesa.
A falta de uma estrutura adequada para tomada de decisões, definição de papeis, responsabilidades e alinhamento das ações e prazos; pode prejudicar a organização na hora de alcançar os resultados desejados.
Neste modelo de liderança os objetivos podem ser muito ambíguos, superficiais e flexíveis. Por isso, a organização pode não atingir todo o seu potencial devido à falta de autoridade da liderança.
Como se tonar um líder liberal?
Como vimos até aqui, a liderança liberal pode ser benéfica em alguns contextos, mas também tem suas limitações e não é ideal para todas as situações e para todos os grupos.
Este estilo de liderança tende a ser superficial e em casos extremos a autoridade do líder pode ser questionada. Se você tende a ter uma abordagem mais liberal, existem áreas e situações em que você pode fazer melhor, sendo elas:
Forneça os recursos necessários
A principal estratégia da liderança liberal é fornecer apoio e os recursos necessários para os subordinados usarem o máximo dos seus talentos para alcançar os objetivos.
Portanto, o líder deve ter ou ser capaz de fornecer os recursos solicitados pelos subordinados sem interferir no processo.
Isso não significa que o líder deve providenciar todos os recursos solicitados. Ele deve ser capaz de mostrar aos subordinados os recursos que eles já têm à disposição e como eles podem ser transformados ou adaptados.
E mais, líderes liberais normalmente se destacam por prover informações completas no início de um projeto ou atividade. Ao dar aos membros da equipe tudo o que eles precisam no início de uma tarefa, o líder garante que os subordinados terão o conhecimento necessário para concluir a tarefa dentro da sua expectativa.
O líder e a equipe devem ser capazes de resolver os problemas sozinhos, mas também podem trabalhar em conjunto na hora de conseguir os recursos.
Crie um ambiente descontraído
Ser capaz de descontrair não significa que você precise ser irresponsável ou evitar o trabalho. É fundamental entender que a descontração não é igual a falta de comprometimento.
Quando o líder está constantemente estressado com o desempenho da equipe, ele não é capaz de apoiar e dar liberdade para que os subordinados corram atrás dos objetivos.
A capacidade de tornar o ambiente de trabalho mais alegre e leve é uma característica marcante da liderança liberal.
Para isso, você deve ver os erros da equipe como uma oportunidade de aprendizado e analisar regularmente o progresso da equipe sem se preocupar com contratempos ou aspectos negativos.
Aumente a sua confiança na equipe
O estilo de liderança liberal exige muita confiança do líder. Sair de lado e permitir que a equipe tome as decisões não é tão fácil quanto parece. Este papel de observador é bastante estressante para pessoas controladoras e inseguras.
Para se dar bem, o líder delegativo precisa ter total confiança em sua equipe. Assim, ele consegue se manter relaxado e descontraído para criar um ambiente próspero para seus subordinados.
Quando os subordinados percebem que o líder confia em seu trabalho, eles se motivam e aumentam a sua própria confiança para alcançar os melhores resultados possíveis.
Saiba montar equipes
Outra característica marcante do líder liberal é a sua capacidade de montar equipes.
Criar uma equipe boa não é apenas contratar as pessoas mais talentosas. É necessário garantir que as pessoas complementem o talento uma das outras para que possam formar uma equipe.
Por isso, o líder liberal deve ser capaz de entender o tipo de habilidades e competências que a organização precisa para alcançar os objetivos. Sabendo as necessidades da organização, o líder deve ser capaz de encontrar e contratar pessoas com estas habilidades e competências.
Uma vez montado o time, o líder liberal deve ainda ter a capacidade de inspirar os talentos a participar da equipe. Quando o líder é incapaz de engajar as pessoas, a estrutura da liderança liberal fica muito mais difícil de implementar.
Só quando o líder é capaz montar e inspirar uma equipe talentosa é possível que ele vá para o segundo plano e permita que os subordinados se destaquem.
Saiba dar feedbacks construtivos
Embora o líder não tenha nenhuma contribuição significativa nas decisões, ele deve estar ciente do que está acontecendo e observando atentamente a performance da equipe e seus membros.
O líder deve ser capaz de fornecer feedbacks construtivos, parabenizar as pessoas por realizarem tarefas com sucesso e incentivar a responsabilidade e o comportamento dos subordinados.
Os feedbacks não devem criticar o processo que a pessoa escolheu, mas sim ajudá-la a entender os pontos fortes e fracos da abordagem escolhida.
Ficar por dentro do que está acontecendo permite ao líder entender os talentos do grupo para capacitar melhor as pessoas e inspirá-las a mostrar todas as suas habilidades.
Varie as abordagens de liderança
Como vimos na sessão de desvantagens, a liderança liberal não é adequada para todas as situações e subordinados. Por isso, é interessante variar os seus estilos de liderança conforme as fases do processo ou projeto.
Por exemplo, a liderança delegativa tende a ser mais eficaz durante as fases iniciais de um projeto, quando um produto ou ideia ainda está sendo debatido ou criado.
Porém, quando o projeto estiver em fase de execução, talvez seja melhor você mudar para um estilo de liderança que envolva mais direção e supervisão.
Dê mais atenção aos detalhes e processos
Um líder liberal tende a ter dificuldades em situações que exijam grande supervisão, precisão e atenção aos detalhes.
Em situações de alto risco e pressão, onde cada detalhe precisa ser perfeito e as tarefas concluídas no prazo, um estilo de liderança mais autoritário tende ser mais apropriado.
Usar uma abordagem Laissez-faire nesse tipo de cenário pode levar a prazos perdidos e a um desempenho ruim.
Conclusão sobre a liderança liberal
O estilo de liderança liberal geralmente é associado a resultados ruins, mas como vimos ele pode ser adequado e eficaz em uma variedade de situações.
Este modelo de liderança coloca o líder em segundo plano. Por isso, para dar certo ele requer um conjunto de habilidades específicas para os subordinados.
A liderança liberal pode facilmente dar errado e acabar criando uma estrutura não eficiente quando os subordinados ficam perdidos e sem objetivos.
No entanto, o estilo liberal é fantástico por ajudar as pessoas a melhorar suas próprias habilidades ao mesmo tempo em que impulsionando a organização.
Com o tipo certo de equipe, a abordagem delegativa pode ser extremamente frutífera e motivar os subordinados a trabalhar mais.
E parabéns, se você chegou até aqui, você está no caminho certo. Uma das competências mais importantes de um líder é aprender continuamente.
Não esqueça de deixar as suas dúvidas e sugestões nos comentários. Eu quero muito saber o que você achou deste artigo.
Muito obrigado e até a próxima.
Dica:
Para aprender tudo sobre como liderar consulte a página liderança. Nela nos reunimos todos os conteúdos blog relacionados ao tema.
Quem é Lucas Retondo?
Sou empresário, mentor e consultor especialista em Startups. Atualmente sou sócio fundador da Startup Creator apaixonado por tecnologia e modelos de negócio inovadores.
Em 2017 larguei um emprego estável como gerente executivo em um multinacional para criar a minha primeira Startup, o PraConstruir. Desde então venho atuando na área de tecnologia e apoiando empresários de TI a criarem organizações e soluções exponenciais.
No passado atuei como consultor e executivo em diversos setores e empresas, como: Ford, Mahle, Renault, MWM, Chevrolet, Magneti Marelli, Pirelli, TIM, Tokio Marine Seguradora, Bradesco Seguros, Cosan, Mobil, Rumo Logística e Raízen.
Também possuo 5 certificações internacionais em coaching, além dos títulos de MBA pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE). Para saber mais sobre o meu histórico profissional consulte o meu LinkedIn e me acompanhe no Facebook, Instagram ou YouTube.
