Teorias sobre Liderança

Saiba tudo sobre as principais teorias sobre liderança

 por Lucas Retondo – especialista em Startups


Você quer assistir uma aula rápida de teorias sobre liderança? Então clique no player abaixo e assista o vídeo. Depois, para se aprofundar no assunto é só ler este artigo até o final.


Introdução as teorias sobre liderança

As teorias sobre liderança se confundem com o estudo da história da humanidade. Não tem como estudar os grandes eventos históricos sem mencionar os líderes que os protagonizaram.

Por isso, a natureza e exercício da liderança está presente nos pensamentos filosóficos desde Platão até os dias de hoje.

Porém, a liderança como tema de pesquisa científica só passou a ser mais difundida depois da década de 1930 através de estudos e teorias sobre os líderes eficazes.

Para ajudar você a entender a evolução das teorias sobre liderança, reuni neste artigo as principais teorias em ordem cronológica. Boa leitura.

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Teoria do Grande Homem (década de 1840)

Proposta por Thomas Carlyle no livro “On Heroes, Hero-Worship e the Heroic in History”, em 1841, a teoria do Grande Homem prega que os líderes nascem prontos e moldam a história através de seus atributos pessoais e inspiração divina.

Para chegar a esta conclusão, Carlyle estudou o comportamento de líderes militares e autoridades dos anos 1800 como: Shakespeare, Rousseau, Napoleão e Richard Wagner.

Segundo Carlyle, para ser um líder altamente influente é necessário ter carisma pessoal, inteligência, sabedoria e habilidade política.


Teoria do Traço de Personalidade (década de 1940)

Seguindo a mesma premissa que os líderes nascem prontos, a teoria do Traço de Personalidade foi bastante popular até a década de 1940.

Um dos pioneiros da teoria dos Traços de Personalidade foi o psicólogo Gordon Allport. Apesar de não ter escrito nenhum livro específico sobre liderança, a teoria de Allport foi amplamente aplicada em diversas pesquisas sobre liderança.

Nestas pesquisas os cientistas identificaram as características que diferenciam os líderes dos não líderes, sendo elas: ambição, energia, desejo de liderar, honestidade, integridade, autoconfiança, inteligência e conhecimentos relativos.

Mais tarde, estas características e qualidades foram divididas em 3 critérios de avaliação da capacidade de liderança do indivíduo:

  • Personalidade: avalia a maneira que a pessoa se comporta perante outras pessoas. Esta dimensão considera características como coragem, audácia, autoconfiança, sensibilidade, sociabilidade, iniciativa e diplomacia;
  • Aspectos físicos: avalia se o indivíduo tem boa estrutura física, força, aparência e postura;
  • Habilidades intelectuais: avalia a inteligência, capacidade de comunicação com outras pessoas e os conhecimentos variados como línguas e matemática.

A teoria dos Traços de Personalidade ainda é relevante para muitas pessoas, porém não é tão bem aceita por estudiosos da liderança na atualidade.

Hoje, acredita-se que as qualidades necessárias para liderança eficaz podem ser adquiridas e melhoradas.


Teoria dos Estilos de Liderança (década de 1940)

Ainda na década de 40 surgiu a primeira teoria sobre liderança baseada no comportamento do líder ao tomar decisões.

Esta teoria ficou conhecida como Estilos de Liderança e foi proposta inicialmente pelo psicólogo Kurt Lewin, considerado por muitos como o fundador da psicologia social.

Para Lewin, o indivíduo e o ambiente nunca devem ser vistos como duas realidades separadas. Ele afirma que estas duas instâncias estão interagindo e se modificam mutuamente o tempo todo.

Desta forma, Lewin afirma que para compreender o comportamento humano devemos considerar todas as variáveis do ambiente interno e externo que podem estar incidindo sobre a pessoa.

Com base em extensos experimentos e dinâmicas de grupo, Lewin desenvolveu o conceito e classificou os Estilos de Liderança em:

  • Autoritários: os líderes tomam todas as decisões por si mesmos. Eles não consultam a equipe e não deixam que tomem decisões. Uma vez que a decisão foi tomada, eles a impõem e esperam obediência;
  • Participativos: o líder assume um papel ativo no processo de tomada de decisões, mas envolve os membros da equipe. Eles assumem a responsabilidade das decisões tomadas e alcançam os resultados desejados juntos;
  • Delegativos: já este tipo de líder tem pouco envolvimento na tomada de decisões, deixa tudo para sua equipe. Este líder pressupõe que os colaboradores já são maduros o suficiente e não necessitam de um acompanhamento constante.

Em seus estudos, Lewin concluiu que a liderança participativa era mais eficaz para o desempenho do grupo do que os outros dois estilos.


Teoria da Liderança Transacional (década de 1950)

O sociólogo alemão Max Weber foi o primeiro a descrever a liderança racional-legal em 1947. Mais tarde este estilo de liderança viria a ser conhecido como Liderança Transacional.

A teoria da Liderança Transacional baseia-se na ideia de que os gerentes dão aos funcionários algo que eles querem e em troca conseguem algo que desejam.

A premissa desta teoria é que os trabalhadores não são auto motivados e precisam de estrutura, instrução e monitoramento para concluir as tarefas corretamente e no prazo.

Nos anos 80 e 90, pesquisadores como Bernard M. Bass, Jane Howell e Bruce Avolio definiram as dimensões da liderança transacional como:

  • Recompensa contingente: consiste em estabelecer expectativas e recompensar os trabalhadores quando cumpri-las;
  • Gerenciamento passivo por exceção: o gerente não interfere no fluxo de trabalho, a menos que surja um problema;
  • Gerenciamento ativo por exceção: os gerentes antecipam problemas, monitoram o progresso e emitem medidas corretivas.

Muitos teóricos atuais de liderança afirmam que os princípios da Liderança Transacional e Transformacional que falaremos adiante, devem ser combinados para obter os melhores resultados.


Teoria da Liderança Carismática (década de 1960)

O conceito de autoridade carismática também foi desenvolvido pela primeira vez pelo sociólogo alemão Max Weber no livro “The Three Types of Legitimate Rule” em 1958.

Porém, somente na década de 1990, parte das pesquisas sobre liderança se concentraram na liderança carismática com estudo feitos por Bernard M. Bass, Jay A. Conger, ‎Rabindra N. Kanungo.

Segundo estes especialistas, as 5 características do líder carismático são: confiança, comunicação, foco, criatividade e visão.

Estudos realizados comprovaram que o carisma da liderança gera respostas emocionais positivas em seus liderados que resultam na maior dedicação e desempenho.


Teoria da Liderança por Atribuição (década de 1960)

Em 1958, Fritz Heider publicou o livro “The Psychology of Interpersonal Relations” e deu início a Teoria da Atribuição que mais tarde foi aprimorada por Harold Kelley, Edward E. Jones, e Lee Ross.

Segundo a Teoria da Atribuição, os indivíduos explicam as causas e razões de seus comportamentos e dos outros com base em três aspectos principais:

  • Distintividade: primeiro avaliam as atitudes para depois explicar se eles foram causados por fatores internos ou externos;
  • Consenso: classificam como motivação externa quando todos tem uma atitude ou ação semelhante. Já quando somente um único indivíduo teve a atitude, entende-se que é motivação interna;
  • Consistência: avaliam e analisam se os comportamentos são consistentes ou não.

Assim, a teoria da atribuição é aplicada na liderança identificando se determinada pessoa pode ou não exercer uma posição de liderança com base no consentimento dos membros do grupo através de uma votação ou consenso.

É um processo bastante natural e que mostra claramente quem é o líder ou não dentro de um grupo de pessoas.

Neste caso, o líder tem seu papel bem traçado com base em sua conduta e reconhecimento dos demais integrantes da equipe.


Teoria de Liderança Contingencial (década de 1960)

A teoria Contingencial nasceu a partir de uma série de pesquisas feitas para verificar quais são as estruturas organizacionais mais eficazes em determinados tipos de indústrias.

Diversos estudos feitos por Alfred D. Chandler, Tom Burns e George Macpherson Stalker procuraram compreender e explicar o modo pelo qual as empresas funcionavam em diferentes condições.

Estes estudos indicaram que as condições variam de acordo com o ambiente ou contexto que as empresas escolheram como seu domínio de operações.

Desta forma, o líder eficaz segundo a teoria Contingencial deve mudar o seu comportamento conforme a situação e contexto.

Apesar de não encontrarmos muitos estudos específicos sobre Liderança Contingencial, a teoria Contingencial foi muito difundida na década de 60 e foi inspiradora para a teoria de Liderança Situacional que veremos a seguir.


Teoria da Liderança Situacional (década de 1970)

Desenvolvida enquanto trabalhavam no livro “Management of Organizational Behavior – Utilizing Human Resources”, a teoria da Liderança Situacional proposta por Paul Hersey e Ken Blanchard se diferencia da teoria de Estilos de Liderança ao afirmar que não existe um melhor estilo de liderança.

Para Hersey e Blanchard, os líderes mais bem-sucedidos são aqueles que adaptam seu estilo de liderança à maturidade do indivíduo ou do grupo que estão tentando liderar ou influenciar.

E mais, para eles o estilo de liderança também depende da tarefa, trabalho ou função que precisa ser realizada.

Assim eles propõem 4 estilos de liderança que se adaptam conforme o grau de maturidade do liderado ou grupo, sendo:

  • Direcionador: indicado para os indivíduos que não têm as habilidades específicas necessárias para o trabalho, mas estão dispostos a trabalhar na tarefa. Eles são novatos, mas estão entusiasmados;
  • Orientador: ideal para os indivíduos que não são capazes de realizar a tarefa por completo e estão desmotivados para esse trabalho;
  • Apoiador: estilo recomendado para os indivíduos experientes e capazes de realizar a tarefa, mas que não têm a confiança ou a disposição de assumir responsabilidades;
  • Delegador: indicado para os indivíduos que são experientes na tarefa e se sentem confortáveis com sua própria capacidade de fazê-lo bem. Eles são capazes e estão dispostos não apenas a fazer a tarefa, mas a assumir a responsabilidade pela tarefa.

Apesar de seu apelo intuitivo, vários estudos foram realizados e nenhum deles validou as vantagens oferecidas pela teoria da Liderança Situacional.


Teoria da Liderança Transformacional (década de 1970)

O termo Liderança Transformacional foi cunhado pela primeira vez pelo sociólogo James V. Downton em 1973 com base nos princípios propostos por Max Weber.

De acordo Downton, existem quatro componentes fundamentais para a liderança transformacional: influência idealizada, motivação inspiracional, estímulo intelectual e consideração individualizada.

Mais tarde, o especialista em liderança James Burns definiu líderes transformacionais como aqueles que buscam mudar os pensamentos, técnicas e objetivos existentes para obter melhores resultados e um bem maior.

Burns também descreveu líderes transformacionais como aqueles que se concentram nas necessidades essenciais dos seguidores, criando assim um vínculo mais forte entre líder e liderado.


Teoria de Liderança de Troca Líder-Membro (década de 1970)

Ainda na década 70, surgiu a teoria de Liderança de Troca Líder-Membro proposta por Fred Dansereau, George Graen e William Haga após um extenso estudo com mais de 250 gerentes e supervisores.

Neste estudo eles constataram que o líder estabelece interações diferentes com cada um de seus liderados. Estas interações são influenciadas pelas semelhanças de personalidade, desempenho e afinidades.

Segundo a teoria de Troca Líder-Membro ou Intercâmbio como também é conhecida, os membros da equipe geralmente passam por três fases em seu relacionamento com o líder: tomada de papéis, criação de papéis e rotinização.

Estudo demonstraram que relação da Troca entre Líder-Membro quando bem-sucedida traz consequências positivas no comportamento geral.


Teoria da Liderança Servidora (década de 1970)

O conceito de liderança servidora é antigo e atribuído a Lao-Tzu, filósofo que se acredita ter vivido na China aproximadamente entre 570 A.C. e 490 A.C.

Porém, o termo Liderança Servidora foi dito pela primeira vez por Robert K. Greenleaf em seu ensaio “The Servant as Leader” em 1970.

Greenleaf acreditava que as organizações, e não apenas os indivíduos, também podiam ser líderes servidores:

  • Considerando as necessidades dos funcionários em primeiro lugar;
  • Comprometendo-se a ajudar os funcionários a desenvolver as suas habilidades e melhorar o seu desempenho;
  • Contribuindo positivamente para a sociedade.

Embora a Liderança Servidora não se encaixe perfeitamente em todas as situações, o estilo continua popular e atrai muitos adeptos entre os líderes organizacionais.


Conclusão e novas teorias sobre liderança

Neste artigo procurei explorar as principais teorias sobre liderança, por isso restringi a nossa análise as teorias mais famosas e conhecidas.

Porém, os estudos sobre liderança não param por aí. Neste exato momento novas pesquisas estão sendo feitas e com certeza novas teorias irão surgir futuramente como a liderança positiva e visionária.

Como você pode observar ao longo do texto, não é possível dizer qual das teorias sobre liderança é a melhor.

Porém podemos observar é uma linha evolutiva onde inicialmente acreditava-se que o líder nascia pronto e hoje acredita-se que as habilidades de liderança podem ser desenvolvidas e aprimoradas.

E parabéns, se você chegou até aqui, você está no caminho certo. Uma das competências mais importantes de um líder é aprender continuamente.

Não esqueça de deixar as suas dúvidas e sugestões nos comentários. Eu quero muito saber o que você achou deste artigo.

Muito obrigado e até a próxima.

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Para aprender tudo sobre como liderar consulte a página liderança. Nela nos reunimos todos os conteúdos blog relacionados ao tema.


Quem é Lucas Retondo?

Sou empresário, mentor e consultor especialista em Startups. Atualmente sou sócio fundador da Startup Creator apaixonado por tecnologia e modelos de negócio inovadores.

Em 2017 larguei um emprego estável como gerente executivo em um multinacional para criar a minha primeira Startup, o PraConstruir. Desde então venho atuando na área de tecnologia e apoiando empresários de TI a criarem organizações e soluções exponenciais.

No passado atuei como consultor e executivo em diversos setores e empresas, como: Ford, Mahle, Renault, MWM, Chevrolet, Magneti Marelli, Pirelli, TIM, Tokio Marine Seguradora, Bradesco Seguros, Cosan, Mobil, Rumo Logística e Raízen.

Também possuo 5 certificações internacionais em coaching, além dos títulos de MBA pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE). Para saber mais sobre o meu histórico profissional consulte o meu LinkedIn e me acompanhe no Facebook, Instagram ou YouTube.

4 comentários sobre “Saiba tudo sobre as principais teorias sobre liderança

  1. Seu texto foi esclarecedor. Gosto muito de conhecer a história de qualquer tema antes de opinar ou escrever sobre ele. Estou revisando o texto de um amigo e conhecer as teorias de liderança me ajudaram muito a compreender o texto dele. Comentei com ele e seu nome vai constar nas referências. Você sintetizou muito bem o principal de cada teoria utilizando uma linguagem, que eu que sou da área de humanas compreendi muito bem. Parabéns e sucesso pra você. Obrigada pela ajuda rsrsrsrs

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